Uma região em guerra
Na região, as guerras estão matando os jornalistas. A Palestina (157º), o país mais perigoso para os repórteres, paga um preço elevado. O exército israelense matou mais de 100 jornalistas em Gaza até o momento, entre eles pelo menos 22 no cumprimento de suas funções. Desde o início da guerra contra o Hamas, Israel (101º) tenta reprimir a informação que sai do enclave sitiado, enquanto a desinformação se infiltra no seu ecossistema midiático. Agora precedido pelo Catar (84º), Israel perdeu o seu lugar como país líder na região: a situação da liberdade de imprensa passou de “problemática” para “difícil”.
Além da Palestina, no Líbano (140º) três jornalistas foram mortos pelas forças israelenses. No Sudão (149º), em conflito interno desde abril de 2023, durante o qual vários jornalistas perderam a vida, a situação da liberdade de imprensa tornou-se “muito grave”. A Síria (179º - 4 posições) foi rebaixada para o penúltimo lugar do Ranking. E embora seja um dos países mais perigosos para os profissionais da mídia, seus repórteres exilados são alvo de ameaças de expulsão na Jordânia (132º), na Turquia e no Líbano.
Detenção de jornalistas e pressão política
Os países da região não poupam esforços para reforçar as restrições ao direito à informação: vigilância por todos os meios no Golfo Pérsico; legislações restritivas e liberticidas planejadas no Kuwait (131º) e no Líbano, ou já promulgados, como na Jordânia e na Argélia (139º), onde a imprensa independente está ameaçada de desaparecimento.
Cinco das dez maiores prisões de jornalistas no mundo ocorreram no Oriente Médio. Elas estão em Israel, na Arábia Saudita (166º), na Síria e no Irã (176º) – que, com uma política de confinamento extensivo, mantém a sua má posição no Ranking. A libertação de alguns jornalistas no Egito (170º), especialmente graças à pressão internacional, e de jornalistas mantidos reféns no Iêmen (154o), após uma reconciliação entre o Irã e a Arábia Saudita, confirma a influência dos interesses políticos na segurança dos repórteres.
Os jornalistas enfrentam pressão dos políticos de todos os países da região e muitas vezes pagam o preço da polarização política, como é o caso no Iraque (169º). Na Tunísia (118o), repórteres que criticam a permanência do presidente no poder desde 2019 são presos e interrogados, lembrando a época anterior à revolução.
Cada vez mais, os poderes traçam limites para censurar tópicos ou ditar como eles serão cobertos. Da guerra à corrupção, dos crimes financeiros às crises econômicas, do feminismo aos migrantes, dos grupos étnicos às minorias sexuais: no Oriente Médio, o campo dos assuntos “autorizados” para a imprensa continua a se restringir.
O indicador político subiu apenas no Marrocos (129º), o que se deve à ausência de novas detenções, mas isso não reduz a extensão da repressão, especialmente judicial, que continua a existir contra os profissionais da mídia.
https://rsf.org/pt-br/classement/2024/magreb-oriente-m%C3%A9dio