Lucas 11:27-28

Enquanto Jesus falava, uma mulher no meio da multidão levantou a voz e disse: ‘ Feliz o ventre que te trouxe e os seios que mamaste! ' Mas ele respondeu: 'Mais felizes ainda aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam!'

As palavras do Evangelho de hoje: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que mamaste!” soam um tanto estranhas aos nossos ouvidos do século XXI. Na arte, até o Concílio de Trento, a Madona Amamentadora (ou Virgo Lactans) era uma representação comum de Nossa Senhora com o Menino Jesus. O Conselho desencorajou bastante a sua utilização depois, pelo menos em contextos públicos, por razões de propriedade. A maioria das representações da Virgem Maria amamentando o menino Jesus são de fato medievais e raramente posteriores.

Nossa pintura é a Madonna Litta, uma pintura do final do século XV tradicionalmente atribuída a Leonardo da Vinci. Na mão esquerda Cristo segura um pintassilgo, que simboliza a sua futura Paixão. Por causa das sementes de cardo que come, na arte cristã o pintassilgo é associado à coroa de espinhos de Cristo. O menino Jesus é frequentemente retratado segurando um pintassilgo nas representações da Madona e do Menino, representando a presciência que Jesus e Maria tiveram da crucificação. Esta pintura leva o nome da Casa de Litta, uma família nobre milanesa em cuja coleção esteve durante grande parte do século XIX.

Nossa leitura do Evangelho é provavelmente uma das mais curtas do Lecionário e, portanto, tem algum impacto. Uma mulher declara outra mulher abençoada porque ela era a mãe de Jesus. A feminilidade e a maternidade são celebradas por esta breve leitura. Jesus desvia o elogio feito e diz que se a sua mãe é abençoada, não é tanto porque ela é sua mãe, mas porque se entregou a ouvir e a cumprir a palavra de Deus. Ela ouviu a palavra de Deus e disse “sim”. Todos nós podemos ser como Maria nesse aspecto e, na medida em que conseguirmos fazer isso, Jesus declara que seremos tão abençoados quanto ela.