Maria Lopes

Maria Lopes

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Posicionamento da Câmara Setorial de Cultura Afro-Brasileira de Maricá quanto a fatos de desinformação ocorridas no Municípiosobre a cultura Afrobrasileira. .



A Câmara Setorial de Cultura Afro-Brasileira de Maricá vem, por meio desta carta, se pronunciar com relação aos tristes e revoltantes episódios, que estão acontecendo desde a semana passada em nosso município, quando o único vereador de oposição, filiado ao PL, postou em suas redes sociais um vídeo atacando e endemonizando a cultura afro-brasileira e as religiões de matrizes africanas, expondo crianças, professoras e fazedores de cultura do Programa Maricá das Artes. Além de usar uma fala homofóbica em relação ao secretário de Cultura de Maricá. Tal ataque e exposição cruel perpetrada por este representante do legislativo municipal, causou revolta e consternação nas diferentes pessoas envolvidas diretamente e em quem entende e defende o respeito às diversas culturas e expressões religiosas. Este senhor dissemina ódio e favorece ameaças às vidas de profissionais extremamente cuidadosos e necessários para a reconstrução de um país que viveu, de 2019 a 2022, um período de aumento das perseguições, destruições e genocídio dos povos originários, quilombolas, progressistas e das comunidades de religiões de Matrizes Africanas.
As conseqüências graves causadas por esse ato de racismo religioso, geraram sofrimentos na área de saúde mental, com a necessidade de atendimentos em emergências em hospitais e de acompanhamento psicológico de adultos e crianças atingidas por tão vil atitude. Isso em função de terem sido expostas de forma deturpada e mentirosa as imagens de oficinas culturais, onde se trabalhava de forma alegre e participativa a cultura Afrobrasileira com confecção de bonecas abayomi e danças ao som de atabaques, cumprindo-se a implementação da Lei 10.639/2003, que insere a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana.
E como se não bastasse, o representante público, que não honra o cargo que recebeu por votos, postou esta semana um novo vídeo difamatório, agora expondo uma atividade realizada na semana multicultural do Campus de Educação Pública Transformadora (CEPT) de Itaipuaçu, novamente demonstrando intolerância, racismo religioso e desinformação sobre a cultura Afrobrasileira. Certamente este vereador continuará disseminando ódio, se não for devidamente responsabilizado urgentemente por seus atos criminosos.
A reação coletiva de indignação a todo esse processo difamatório do trabalho na área da cultura e da educação maricaense e de discurso de racismo religioso, gerou uma importante articulação e movimentação de diferentes sujeitos ligados à cultura, à educação, de defesa dos direitos, representantes de religiões de matrizes africanas, de órgãos governamentais, de entidades representativas de classes, de alguns vereadores progressistas e da sociedade civil em geral. Assim, várias ações e providências já foram adotadas no sentido de enfretamento direto a esses ataques que não podem passar impunes. Entre as ações já realizadas tivemos a reunião num espaço religioso congregando cerca de 80 pessoas, ato e manifestação de rua, no Centro de Maricá, abertura de inquérito na Delegacia de Crimes Raciais (DECRADI), contato e envolvimento do Conselho Tutelar em função da exposição de imagens de crianças, sem autorização, manifestação de repúdio de vários órgãos, organizações e entidades, além do pedido de cassação do mandato do vereador, aberto com a assinatura de 5 vereadores da Câmara de Maricá, além de várias reportagens em jornais diversos.
No entanto, apesar da diversidade de providências, em tão pouco tempo, isso não basta para reparar os estragos causados pela violência do ato provocado e nem ao menos tudo isso fez com que cessassem os ataques que continuam sendo veiculados nas redes sociais desse abjeto vereador. Nesse sentido, conclamamos para que possamos manter a nossa unidade para continuarmos na luta contra essa prática e esse discurso de intolerância e ódio que desrespeita a nossa cultura e nos unamos para novas ações coletivas, até que esse vereador seja cassado e pague pelas ações que vem cometendo diariamente.
Maricá, 25 de janeiro de 2024.
Valdo Lima
Conselheiro de Cultura Afro-brasileira de Maricá.


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