Quem tem medo de Xica Manicongo?

Maria Lopes e Artes

Quem tem medo de Xica Manicongo?


                                                    

Xica Manicongo, considerada a primeira travesti não indígena do Brasil, será homenageada pelo enredo do Paraíso do Tuiuti, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (RJ), nesta terça-feira (4).

História 

Sequestrada no Congo para ser escravizada em Salvador no século 16, Xica Manicongo foi batizada como Francisco. Sua história foi descoberta pelo antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, que encontrou nos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, uma denúncia de sodomia feita em 1591 à Inquisição.  

Segundo os documentos, Xica faria parte de “uma quadrilha de feiticeiros sodomitas”. A palavra sodomia se refere a uma interpretação de uma passagem bíblica que faz referência a atos considerados imorais. Os arquivos diziam também que Xica, que trabalhou como sapateira na capital baiana, tinha grande resistência em usar roupas ligadas ao imaginário masculino. 

Após ser denunciada, Xica foi condenada a ser queimada viva em praça pública, e seus descendentes desonrados até a terceira geração. Para não sofrer a condenação, ela deixou de lado o vestuário e os modos femininos e passou a se comportar como um homem. De acordo com a literatura, Xica foi definida como travesti pela primeira vez, na década de 2000, por Majorie Marchi, então presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (Astra-Rio).

Hoje, Xica é lembrada como um símbolo de resistência para a população LGBTQIAP+ negra e periférica. Seu nome é frequentemente citado em estudos sobre gênero, raça e escravidão no Brasil. Em Salvador e em outras partes do Brasil, a memória de Xica Manicongo tem sido resgatada por movimentos populares, artistas e historiadores que buscam dar visibilidade às histórias de pessoas LGBTQIAP+ na diáspora africana. 

Ela também é citada em produtos culturais e artísticos, como na música Amor amor da cantora e compositora Linn da Quebrada, e tem seu nome estampado em coletivos e institutos, como o Quilombo Urbano Xica Manicongo, em Niterói (RJ). 

Link da matéria completa no final da postagem.  

Enredo: Quem tem medo de Xica Manicongo? Cores: Azul e Amarelo 💙💛 Presidente: Renato Ribeiro Martins (Renato Thor) Direção de Carnaval: Andrezinho Show, Thiago Dias, Allan Guimarães e Rodrigo Soares Carnavalesco: Jack Vasconcelos Intérprete: Pixulé Mestre de Bateria: Marco Antônio da Silva (Marcão) Rainha de Bateria: Mayara Lima Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane Comissão de Frente: Cláudia Motta e Edifranc Alves Letra: Só não venha me julgar Ô Ô Pela boca que eu beijo Pela cor da minha blusa E a fé que eu professar Não venha me julgar Eu conheço o meu desejo Este dedo que acusa Não vai me fazer parar Faz tempo que eu digo não Ao velho discurso cristão Sou Manicongo Há duas cabeças em um coração São tantas e uma só Eu sou a transição Carrego dois mundos no ombro Vim Da África Mãe Eh Oh Mas se a vida é vã Eh Oh Mumunha Jimbanda me fiz N Ganga é raiz Eu pego o touro na unha   A bicha, invertida e vulgar A voz que calou o “Cis tema” A bruxa do conservador O prazer e a dor Fui pombogirar na Jurema Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha As perseguidas na parada popular E a Mavambo reza na mesma cartilha Pra quem tem medo o meu povo vai gritar Eu travesti Estou no cruzo da esquina Pra enfrentar a chacina Que assim se faça Meu Tuiuti Que o Brasil da terra plana, Tenha consciência humana Chica vive na fumaça Eh! Pajubá! Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê É Mojubá Põe marafo, fubá e dendê (Pra Exu)


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